Quando falamos em Saúde Mental, um tema central na experiência dos pacientes é a ansiedade. Trata-se de um fenômeno amplamente estudado, que desperta o interesse de muitos especialistas. A ansiedade pode ser uma resposta natural ao estresse, mas, quando persistente ou excessiva, pode se transformar em um transtorno que interfere significativamente na vida cotidiana.
Prevalência da Ansiedade
Atualmente, a ansiedade é um dos transtornos mais prevalentes em nível global, com números crescentes em várias regiões. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 720 milhões de pessoas em todo o mundo convivem com transtornos mentais, sendo a ansiedade uma das condições mais comuns. Durante a pandemia de COVID-19, o mundo testemunhou um aumento de 25% nos diagnósticos de ansiedade, resultado do isolamento social, medo do contágio e insegurança econômica.
Brasil e América Latina
O Brasil ocupa o primeiro lugar no mundo em diagnósticos de ansiedade, com 18,6 milhões de brasileiros (aproximadamente 9,3% da população) afetados por esse transtorno. Fatores como desigualdade social, violência e o acesso limitado a serviços de saúde mental de qualidade contribuem para essa alta incidência. Além disso, o impacto da pandemia exacerbou os transtornos de ansiedade e depressão no país.
Na América Latina, o Brasil também se destaca como o país mais afetado. Estima-se que cerca de 20% da população latino-americana sofra de algum transtorno mental, incluindo ansiedade e depressão, números influenciados por crises econômicas e sociais frequentes na região.
Causas e Tratamento
A ansiedade surge como uma resposta natural ao estresse e pode ser útil em situações de perigo. No entanto, quando essa resposta se torna crônica, ela pode evoluir para transtornos como o Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG), a Fobia Social e o Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT). Esses transtornos afetam a capacidade de o indivíduo realizar tarefas cotidianas e tomar decisões, impactando tanto a vida pessoal quanto profissional.
O tratamento da ansiedade envolve, frequentemente, psicoterapias e, em alguns casos, o uso de medicamentos. Abordagens psicoterapêuticas de diversos modelos têm se mostrado eficazes no tratamento de diversos transtornos de ansiedade. Além disso, práticas como exercícios físicos, meditação e o apoio social são recomendados para complementar o tratamento.
Estudos recentes destacam a necessidade de compreender melhor os transtornos de ansiedade para aprimorar as intervenções. Um estudo de Garfin, Silver e Holman (2020) investigou os efeitos da exposição a eventos traumáticos, como pandemias e desastres naturais, no desenvolvimento de ansiedade crônica e TEPT, revelando um aumento significativo dos casos. Outro estudo de Craske, Stein e Eley (2021) explorou os fatores genéticos e ambientais que contribuem para o desenvolvimento da ansiedade, destacando a importância de abordagens terapêuticas que considerem esses aspectos.
A ansiedade, quando diagnosticada precocemente e tratada adequadamente, pode ser controlada, melhorando significativamente a qualidade de vida dos indivíduos. A conscientização contínua e os avanços em pesquisas científicas são essenciais para a criação de novas estratégias de tratamento, com o objetivo de reduzir o impacto desse transtorno na saúde pública global.
Referências
- CRASKE, M.G., STEIN, M.B., & ELEY, T.C. (2021). Anxiety Disorders. Nature Reviews Disease Primers, 7(1), 1-21.
- GARFIN, D.R., SILVER, R.C., & HOLMAN, E.A. (2020). The Novel Coronavirus (COVID-19) Outbreak: Amplification of Public Health Consequences by Media Exposure. Health Psychology, 39(5), 355-359.
- Organização Mundial da Saúde (OMS). Mental disorders. 2022. Disponível em: [https://www.who.int](https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/mental-disorders).
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